sexta-feira, 22 de junho de 2012

GESTÃO PATRIMONIAL

Este assunto é bem complexo e já bastante explorado pelos blogs da comunidade de educação financeira, então a intenção desta postagem é demonstrar como fiz e faço em relação ao meu patrimônio, respondendo a vários colegas que me procuram por e-mail.

Primeiramente uma explicação sobre a divisão que faço de PATRIMÔNIO:

1) O NEGÓCIO PRINCIPAL, gerador de renda e acumulação do excedente.
   (emprego, empresa, fazenda, consultório, consultoria, trades, etc).

2) RESERVA EMERGENCIAL na renda fixa com liquidez, como CDBs
(um colchão de liquidez que garanta 12 meses de despesas mensais).

3) CASA PRÓPRIA.

4) PREVIDÊNCIA PRIVADA com seguros para a família.

5) PORTFÓLIO DE INVESTIMENTOS, gerador de mais acumulação.



Obviamente que isso tudo varia com a idade do poupador/investidor, no meu caso tenho 39 anos e comecei a formar patrimônio quando deixei a faculdade com 22 anos.
Então na minha visão, para esse perfil que ainda está na fase de ACUMULAÇÃO, é o item 1 que vai garantir nossas despesas pessoais, e seu excedente deve primeiro garantir o item 2, para depois garantir o item 3, e depois o item 4, de uma forma que essa previdência lhe garanta no futuro pelo menos alimentação e saúde privada.
Somente após os três itens atendidos é que eu destinaria recursos para o item 5.

Com o passar do tempo conforme os itens 1 e 5 forem evoluindo é natural que exista uma melhora no padrão de vida então pode haver uma "comunicação" entre eles e os outros itens. Por exemplo: aquisição de um imóvel maior, troca de carro, viagens e lazer mais elaborados e/ou mais frequentes, etc.
Só que isso reflete no aumento das despesas mensais, então só faço este rebalanceamento se estiver bem planejado e com muita antecedência. E quando ocorre consequentemente itens 2 e 4 devem ser reforçados para que atendam ao novo padrão.

No dia a dia é muito importante essa visão que é o item 1 que vai garantir nossas despesas mensais e que o item 5 deve ficar intocável e livre das tentações do consumo.

Existe uma situação contrária e terrível que é utilizar os recursos dos itens 1 a 4 nos investimentos para "garantir" um crescimento patrimonial mais rápido nos grandes momentos da bolsa.
A grande euforia de 2007-2008 na bolsa gerou um número enorme de maus exemplos neste sentido. De pessoas que chegaram a vender até seu bem de moradia e dar uma rapa nas suas reservas para investir na bolsa com a "certeza" de viver dela. E esta certeza era tão grande que quanto mais o planejado dava errado, mais besteiras faziam e a certeza só aumentava, tomando dinheiro a termo por exemplo, depois dobrando o termo até perderem todo seu patrimônio e ainda ficarem devendo bastante.


Esses resultados comuns porém trágicos reforçam a ideia que não existe fórmula de enriquecimento rápido (pelo menos forma lícita e moral), por isso gosto muito da frase do vovô Warren Buffett: "A Bola de neve cresce bastante se a colina for bem alta e a neve bastante aderente".



5) PORTFÓLIO DE INVESTIMENTOS - Entrando em mais detalhes neste item:
Utilizo e recomendo a idéia do tríplice apoio com 1/3 em cada e rebalanceamentos anuais entre eles. Alguns autores chamam de TRÍADE FINANCEIRA, como no excelente texto do link.


- RENDA FIXA :
100% em títulos do tesouro por ser garantido pelo tesouro brasileiro e livre do risco de quebra dos bancos, com rentabilidade semelhante ou superior aos fundos de renda fixa.
Mantenho uma conta em banco especificamente com esta finalidade e faço reaporte dos juros recebidos e dos títulos vencidos e resgatados.
Mais detalhes sobre essa modalidade de investimento em: site oficial do TD , na BMF Bovespa e nos vários blogs de educação financeira. Em especial: O pequeno investidor tem vários post muito interessantes e didáticos sobre TD.


- IMÓVEIS:
Considerado o pilar mais forte e muito procurado pelo investidor comum justamente por ser "paupável" e não apenas um título custodiado pelos bancos. Mas também historicamente é o menos rentável e de difícil liquidez.
No início meu foco era apenas aluguel porém nos últimos 3 anos com o "boom" imobiliário no Brasil consegui fazer ótimos "trades" com imóveis do tipo: sinal + compra parcelada no lançamento do empreendimento e revenda próximo da conclusão com ágios de 60 a 150% sobre o valor investido. Atualmente percebo um arrefecimento no mercado imobiliário e já encerrei todos os negócios deste tipo. Mas a estratégia deu ótimos lucros e ajudou bastante no crescimento total da carteira.

No foco de aluguel sempre tive preferência pelos imóveis comerciais (salas comerciais e galpões nas periferias) por trazerem uma rentabilidade um pouco maior que os residenciais e mais segurança quanto a problemas com os inquilinos.

Também mantenho uma conta em banco especificamente com a finalidade de imóveis, onde serão creditados os aluguéis e por onde serão realizadas as transações com imóveis. Como o giro costuma ser mais lento esses recursos podem ficar em CDBs com liquidez diária após os primeiros 30 dias.

Agora com minha maturidade na bolsa, grande valorização dos imóveis e a popularização dos FIIs (Fundos de Investimentos Imobiliário) estou migrando gradualmente os recursos alocados em imóveis para eles.Talvez até o final do ano encerre todos os imóveis e só fique com cotas destes fundos pois existem muitas vantagens. Este assunto é muito complexo e merece um post específico: FIIs


- AÇÕES:
Considerado de maior risco mas também tráz o melhor retorno. Se for bem feito e tivermos consistência nos ganhos é este item que sempre vai abastecer os outros 2.
Minha visão detalhada sobre este item está nos outros posts do conteúdo do blog. Também mantenho uma conta específica para este item em uma corretora.


Falando mais especificamente sobre alocação: no início eu deixava a maior parte em carteira de longo prazo e separava uma pequena parcela para trades. Atualmente não faço mais trades com ações e fico somente no hedge direcional e rebalanceamentos periódicos (*).
* não confundir com o rebalanceamento anual entre os setores falado a seguir.




REBALANCEAMENTO ANUAL:


Na prática fazia o rebalanceamento patrimonial anual da seguinte forma:
- uma vez atendida minha exigência inicial de reserva emergencial, casa própria e previdência privada e podendo começar a investir passei para a etapa seguinte, de acumulação.
- o excedente mensal do item 1 acumulava em renda fixa na mesma conta em banco da reserva emergencial (item2), e uma vez por ano (geralmente em maio) fazia um levantamento geral para calcular o rebalanceamento.
- na conta corrente deixava somente a reserva emergencal e destinava o recurso extra acumulado ao longo do ano para o item 5 - Portfólio de INVESTIMENTOS.
- no item 5  calculava o novo total do patrimônio somando RF, Imóveis e RV e rebalanceava pra cada um ficar com um terço.
- ao longo do ano cada receita dos setores em separado era reinvestida no mesmo setor.
- e como os desempenhos são diferentes quando chegar outro momento de rebalancear, o total será dividido novamente entre os setores.


Resumindo: é o negócio principal que vai garantir nossas despesas e deve produzir excedentes para continuar injetando no portfólio de investimentos. Cada parcela deste portfólio deve ficar com uma conta separada e suas receitas ao longo do ano serão reaplicadas no mesmo setor. E uma vez por ano fazer o rebalanceamento entre os setores para cada um ficar com um terço do patrimônio de investimentos.


* Observação:
No parágrafo sobre rebalanceamento anual utilizei o verbo no passado pois neste último mês de Maio/12 tomei uma importante decisão de não mais rebalancear entre os setores. Agora vou deixar cada setor crescer de forma independente e reinvestir seus lucros neles mesmos.
Como o desempenho das ações é sempre bem superior aos dois outros setores a tendência é que esse setor dispare em relação aos outros. Mesmo assim vou parar de distribuir seus resultados.

Isso é possível por dois motivos principais:
- se encerrasse hoje a minha fase de acumulação e passasse e viver dos investimentos cada setor já poderia sozinho garantir uma aposentadoria tranquila num padrão de vida razoável, sem luxos, mas considero razoável.
- após 30 meses com o hedge direcional fiquei bastante confiante no método e empolgado com as rentabilidades. Isso ajudou bastante a passar a enxergar o investimento em ações como sendo sócio das maiores e mais eficientes empresas do nosso país.

Agora é como se considerasse parte da carteira de ações como o primeiro item do post, o NEGÓCIO PRINCIPAL. E se o desempenho continuar ótimo conforme os back-tests e as operações reais, com rentabilidades entre 50-100% ao ano, o crescimento exponencial vai ser tão grande e promissor que o patrimônio vai atingir um nível surreal perto do que imaginava atingir 20 anos atrás. Aí sim, vou poder voltar a rebalancear mas pensando em melhorar bastante o padrão de vida.

Mas devo continuar bastante disciplinado e fazer novamente seguindo aquela ordem inicial: primeiro reforçar o colchão de liquidez, depois construir uma casa pra cada filho (a minha nova que estou construindo espero que seja a mesma que vou envelhecer...rs), reforçar meus VGBLs, reforçar os seguros pra família, melhorar  o padrão dos carros e só depois aportar mais recursos em imóveis e renda fixa. Mas agora fazendo a conta contrária: quanto tenho que deixar em cada setor para seus rendimentos garantirem um bom padrão de vida e continuar com bastante segurança.
Só depois de tudo isso, com muita disciplina é que eu passaria para carrões importados, lazer e viagens mais luxosos e frequentes. Já aquisições de casa na praia, iates e jatinhos particulares não fazem parte dos meus planos pois fica muito mais barato alugá-los e não chama a atenção de ladrões e invejosos... É assim que o vovô Buffett faz e é assim que ele nos ensina...

Espero ter respondido com clareza as perguntas dos colegas, e se tiverem dúvidas perguntem por aqui através dos comentários.

SDS


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Complemento feito em 17/dez/2013:
Gostei do resumão do colega Vettel nos comentários abaixo e vou colocar aqui:

"Resumindo:
- sua casa é sua casa, não é investimento;
- seu negócio é seu negócio, não é investimento;
- seu colchão de liquidez, idem
correto?! "                                          ok

Acrescento que a reserva na previdência privada também não é investimento, é seguro.
Mas os gestores tem se mostrado tão ruins que só deixo o suficiente pra garantir saúde privada e alimentação.

Os posts SUCESSO e PATRIMÔNIO falam um pouco sobre essas escolhas ao longo da vida e como elas afetam nosso futuro.

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21 comentários:

  1. (Tomei a liberdade de colocar o link desse post em meu blog já que tenho algumas visitinhas por dia, e não tenho experiencia de compartilhar esses ensinamentos de alquimia). Vou compartilhar em meu facebook também se me permite

    Desculpa a minha intrepidez, tuh só mantém em RF o colchão de liquidez?

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    1. Blz Robson! Pode compartilhar à vontade, agradeço por isso.

      O colchão de liquidez deixo somente em CDBs de grandes bancos com resgate automático após os primeiros 30 dias.
      No caso de uma grande emergência ainda poderia contar com os recursos também bastante líquidos das contas de: imóveis (aqueles que ainda não foram reinvestidos), tesouro direto (com alguma perda de rentabilidade) e até mesmo da carteira de ações (em D+3).

      Abraço,

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  2. rocky, ministre um curso com seu setup de hedge!
    Abçs

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    1. Obrigado Diferias! Mas esse não é meu metiê. Vou ficar somente no blog por enquanto.
      Quem sabe o conteúdo possa virar um livro um dia... uma editora me procurou semana passada mas ainda falta muito estudo em alguns assuntos, principalmente AF e AQ.

      Abraços,

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  3. Esquecí de mencionar o ouro.
    Ele já faz parte da minha carteira de acumulação mas ainda representa uma parcela pequena. Pretendo acumular e incluir no rebalanceamento até chegar a 10% do patrimônio total.

    Vou abrir um item 5.4: OURO ou OZ1D na BMF.
    Compras em bons momentos pela AT. Já viram como as Bandas de Bollinger do Diario e Semanal costumam apontar ótimas entradas?

    Acho que mais pra frente merece um post exclusivo.

    SDS

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  4. Muito legal mesmo Rocky, parabéns por este material.

    Por falar em livro, toda esta estratégia renderia muitas páginas de explicações e estudos, por envolver muitos conceitos (AT, AF e AQ), e pela possibilidade de permitir montar diversas estratégias diferentes com a mesma filosofia, algumas mais arriscadas, outras menos.

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  5. Boa tarde Rocky. Mais um ótimo post, obrigado por compartilhar mais essa.
    Uma dúvida, no caso de segurar parte do salário para também proporcionar alguns prazeres como carro novo, viagens e diversões onde entraria na seu planejamento?

    Abs
    Sérgio Vettel

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    1. Oi Sérgio!
      Agradeço pela participação pois deu a oportunidade de explicar melhor. Não quis entrar em muitos detalhes no post para ficar mais didático mas acho importante detalhar aqui.
      Nos casos que você perguntou é SEMPRE o item 1 vai garantir esses detalhes também e é importante fazer reserva específica para eles. No meu caso eu vou colocando tudo na mesma conta da reserva emergencial e separo em planilha pessoal em itens:

      2) RESERVA TOTAL:

      2.1) Reserva emergencial: 12 meses de despesas mensais (água, luz, telefone, combustível, seguro, plano saúde, supermercado, etc...

      2.2) Reserva para casa própria: guardar R$x por mês para compra ou valor equivalente à prestação mensal do imóvel se achar que é viável financiá-lo (no caso do primeiro imóvel acho bastante vantajoso), e ainda guardar um valor para repintura/conservação.

      2.3)Reserva para veículo: guardar R$x por mês para trocar de carro à vista ou então equivalente à prestação mensal do veículo se achar que é viável financiá-lo.

      2.4)Reserva para viagens e lazer: guardar R$x por mês para essa finalidade.

      2.5)Reserva para previdência privada: após a quitação da casa própria guardar R$x por mês para essa finalidade. Até atingir um valor que futuramente garanta pelo menos alimentação e saúde privada.

      2.6)Reserva para investimentos: após a quitação da casa própria e a previdência privada ter atingido o objetivo citado anteriormente guardar R$x por mês para essa finalidade. E no momento do rebalanceamento anual dos investimentos (item5) vai ser direcionado para as outras contas.

      Percebeu como acaba seguindo a mesma sequência do post original? Apenas detalhei onde fica o dinheiro.
      Lembrando que idealmente é o item 1 que deve garantir o item 2 e deixemos o item 5 crecer exponencialmente. E que a cada salto no padrão de vida cada item terá que ser reforçado também pelo item 1.

      É isso! Precisa de muita disciplina. No início dava umas boas escapadas mas é importante ter um plano pra ajudar a voltarmos na rota certa. E rumo a independência financeira!

      SDS

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  6. Obrigado pela reposta bastante didática.
    Vou precisar de mais uma ajuda...
    Sou trader exclusivo (vivo disso) e faço DT no miniindice e SWT com opções. Perdi bastante no início conforme alertado pelo colega mas já tenho 6 meses de sucesso após aprimorar MUITO a parte disciplinar.
    Comecei com um capital de 100k conquistado como técnico em alguns anos de economia e trabalho. Comecei all-in e cheguei a cair para 70k com as perdas mas consegui retornar aos 100k graças ao mercado bastante direcional este começo de ano (tanto pra cima quanto para baixo). E hoje consigo tirar um salário de 5k e reinvestir outros 5k com bastante consistência (já líquido, descontando corretagem, IR, etc).
    Moro com meu pais e não tenho muitos gastos fixos, minhas depesas se resumem ao meu carro e algumas baladinhas e viagens.

    Dito isso pergunto: como me enquadrar no seu planejamento patrimonial.
    Meu item 1 NEGÓCIO PRINCIPAL seriam os trades?
    Valeu!

    Sérgio Vettel

    Abs

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    1. Oi Sérgio.
      Exatamente isso, seu negócio principal é seu escritório de trades. Que deve garantir sua reserva emergencial, sua casa própria, sua previdência privada e após esses itens atendidos o excedente deve ir para uma carteira LP.

      Sei de seu método, sua dificuldade inicial e suas habilidades atuais através de nossas trocas de e-mails mas acho importante explicar melhor essa questão de viver de trades. Que a grande maoiria desiste. Ou porque perceberam que não era possível pela questão psicológica ou, a pior parte, porque acabou a grana...

      Meu negócio principal atualmente também é esse e pra entrar em muitos detalhes seria bom fazermos um novo post mais pra frente.
      Então aqui vou dar somente alguns alertas utilizando seu exemplo: para um capital disponível para trades de 100k eu deixaria 50k parados em uma conta da corretora (pode ser em RF) e utilizaria apenas a outra parte para treidar ações, e nunca fazer ALL-IN. Seria uma reserva emergencial do negócio, nada a ver com a reserva emergencial pessoal.

      No caso de treidar derivativos utilizaria apenas 25% do capital disponível exposto ao risco e deixaria os outros 75% parados para uma necessidade de reaporte. Pois nesses trades as posições devem ser sempre do mesmo tamanho, caso contrário a estatística acaba conosco. A expectativa matemática do setup observada nos back tests nunca vai ser encontrada na prática.

      E aos colegas que estão lendo e pensam em viver de trades:
      PELO AMOR DO SEU FUTURO!: não misturem os capitais de patrimônio com o capital separado para o risco, NUNCA!
      E antes de começarem:
      - estudem bastante,
      - escolham um método,
      - testem exaustivamente (na mão pra pegar confiança)
      - façam paper trade por alguns meses até conseguirem resultados muito próximos dos back tests,
      - comecem com uma posição de 10% do que pretendem operar e aumentem gradualmente até chegarem em resultados consistentes.

      Estou no mercado a 12 anos e conviví com muita gente que tentou, e dá pra contar nos dedos de uma mão quem conseguiu.

      Além da questão mental em cada trade existe o problema do dinheiro estar facilmente disponível, líquido. Fica difícil resistir a algumas tentações de consumo ou mesmo necessidades que em outro negócio qualquer (loja, indútria, fazenda, etc) nós iríamos dar um outro jeito de resolver pois os ativos estariam imobilizados.
      Mas como disse antes, é um assunto muito complexo e merece um post exclusivo onde Robson, Vettel e outros colegas poderiam ajudar.

      SDS

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  7. Olá Rocky.

    Primeiramente gostaria de parabenizá-lo pelo blog. É uma atitude muito nobre da sua parte compartilhar seu conhecimento, mas tenho certeza (e acredito que vc também) que isso lhe trará muitas coisas boas.
    Tenho 24 anos, iniciei meus investimentos e gostaria de sua opinião.
    É aconselhável, visto que não possuo uma renda tão alta atualmente, diminuir meus aportes nas opções 2 (sei que uma reserva é necessária, mas a idéia é que ela não seja tão grande), 3 e 4 para fazer aportes maiores na opção 5 visando acelerar o processo de acumulação e aumento de patrimônio?
    Obrigado desde já pela ajuda.
    []s

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    1. Valeu Allison! Bom que está sendo útil pra você também.

      E com certeza aprendo mais que todos que frequentam. O fato de estar sempre escrevendo me ajuda a lembrar, reforçar e revisar os conceitos aqui debatidos.

      A ideia original do post é bastante conservadora e realmente pode segurar um pouco o desenvolvimento do item 5. Porém ela traz muita segurança nos tempos nebulosos dos negócios, ou da economia em geral, ou dos nossos governos, e consequentemente dos nossos investimentos. Eu senti na pele o confisco do Collor na grana da minha família deixando somente cinquentinha justamente quando meu pai estava na transição entre ter vendido um negócio e efetuar o pagamento do novo negócio que já havia se comprometido. Situação terrível. E vai que a mulher de terno vermelho faz algo neste sentido...

      Eu acabei seguindo este caminho mais conservador meio naturalmente, vou contar um pouco da minha história e você vai entender.
      Nunca fui gastão, sempre guardei dinheiro na poupança desde a época das mesadas dos pais até os primeiros empregos. Depois quando me formei e comecei a ganhar um pouco melhor o trauma do Collor continuava na minha cabeça então pra diversificar e não deixar todo dinheiro no banco fiz meu primeiro barracão na periferia e gostei do retorno, principalmente da renda extra sem depender do emprego.

      Depois larguei meu emprego e comecei a arrendar sítios bem pequenos pra plantar lavoura. Troquei meu carro do ano por uma moto CG e um tratorzinho velho que eu mesmo operava, trabalhava duro de sol a sol sem funcionários e os resultados foram aparecendo, as áreas aumentando, fiz mais barracões pra alugar, fiz um casa legal, casei e comecei a investir na bolsa e títulos do tesouro.

      Tudo ia bem até uma seca brava me pegar justamente no safra que dei um passo maior que a perna. Plantei um área 5x maior do que o ano anterior e estava alavancado com dinheiro emprestado no BB e das multinacionais da área agrícola... quebrei! Pra honrar os compromissos vendi os barracões, zerei meu caixa e investimentos, devolvi as áreas arrendadas...
      Voltei ao mercado de trabalho como Eng. Agrônomo e comecei tudo de novo.
      Rodei o Brasil inteiro trabalhando numa grande empresa e fui construindo o patrimônio aos poucos novamente.

      ...

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    2. Deste episódio as principais lições me marcaram profundamente e talvez sem elas não teria obtido sucesso na bolsa.
      1)Por mais que esteja devendo ninguém tira seu bem de moradia e nem sua reserva na previdência privada (*).
      * só tira no caso de aval ou fiança, por isso não avalizo ninguém.
      2)Quanto maior a certeza que o negócio vai dar certo maior será a chance dele dar errado se você alavancar (Murphy?!...)
      3)Diversificar sempre.
      4)Não misturar as fontes de renda, muito menos comprometer uma com a outra.
      5)Sempre honrar seus compromissos. Se não for possível naquele momento faça-o na primeira oportunidade.
      6)Sendo correto, trabalhando duro e estudando bastante, com o tempo o resultado só pode ser o sucesso.

      Enfim, o que tentei passar no post inicial resume um caminho que segue essas lições. São vários fatores que influenciam essa decisão e as possibilidades de variação são enormes. O mais importante é ter um plano, escrito, não apenas em arquivo no seu computador, mas impresso pra você pegar na mão 1 a 2 x ao ano pra fazer suas avaliações.


      Pra ser mais objetivo e responder sua pergunta.
      Olhando para trás, pra quando eu tinha 24 anos, com o conhecimento que tenho hoje, não correria tantos riscos no item 1 e talvez pulasse direto para o item 5 pra dar uma acelerada no crescimento patrimonial.

      Alguns fatores importantes que consideraria pra auxiliar na decisão:
      - item 2: caso tivesse emprego formal eu consideraria as verbas rescisórias, o montante no FGTS e o seguro desemprego como reserva emergencial. Isso pode reduzir bastante o montante guardado no banco para uma emergência causada pela perda do emprego.
      Caso fosse dono do próprio negócio em JAMAIS misturaria novamente reserva pessoal com reserva da empresa, pior ainda foi misturar fluxo de caixa pessoal com fluxo de caixa da empresa.

      - item 3: caso meu custo com moradia fosse muito baixo e representasse pouco no orçamento mensal acho que também consideraria pular este item. Exemplo: solteiro morando com os pais, república com amigos e colegas de trabalho, etc.

      - item 4: quanto mais cedo começar, melhor. Então pelo menos o mínimo de aporte mensal eu faria (acho que são R$100) só pra manter o compromisso, mas já planejaria aportes anuais na hora de rebalancear o item 5 conforme os resultados forem aparecendo. Uma dica: desde o ano passado a CEF não cobra taxa de carregamento e isso faz uma grande diferença no longo prazo.

      - item 5: com o conhecimento que tenho hoje sobre a carteira de LP conduzida pelo hedge direcional eu começaria direto com 100% na RV pra acelerar o crescimento inicial. Mas não deixaria de rebalancear entre FIIs e tesouro direto conforme os resultados forem surgindo.

      Mas isso somente com o conhecimento que tenho hoje sobre manejo de risco e graças a segurança que o meu método me trouxe. E está funcionando pra mim, pode não funcionar pra outras pessoas. Portanto não é uma recomendação, é que o faria se pudesse voltar no tempo levando a experiência na bagagem.

      Sem querer ser chato e recorrente mas já sendo: antes de qualquer decisão estudaria muito, mas muito mesmo! Planejaria mais ainda, tudo por escrito.

      E começaria bem devagar, com o mínimo para o método, que é R$15 mil, comprando 200 Bova11 pra defender com 1 mini e deixaria o restante disponível para os ajustes. A medida que fosse dando certo e ainda não desse pra comprar outros 200 Bova11 pra defender com mais um mini eu aplicaria em renda fixa na corretora com liquidez de um dia.
      E só depois de alguns meses aportaria mais grana.

      Assim como nos trades, nos investimentos e acumulação de patrimônio também existem vários métodos vencedores, mas a questão mental sempre pode estragar tudo. E de tão fácil fica tão difícil.


      Ficou tão longo que o blogger não aceitou e tive que abrir em dois comentários... espero ter mais ajudado do que atrapalhado..rs

      "A Bola de neve cresce bastante se a colina for bem alta e a neve bastante aderente." Warren Buffett

      Bons investimentos e sucesso!

      SDS

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  8. Olá Rocky.

    Poxa muito obrigado pelo seu depoimento. Isso me deixa muito mais otimista com relação aos meus planos e sei que, como você mesmo disse, com honestidade, trabalho duro e se Deus permitir, vou chegar onde quero: conquistar minha liberdade financeira e aproveitar a vida com minha esposa e filhos (ainda não encomendei nenhum.. rs).
    Comprei (ou melhor, investi) em alguns livros, inclusive alguns que vi nas suas recomendações de leitura, para que possa ter o conhecimento necessário para definir minhas estratégias. Gostaria muito de estudar sobre hedge direcional e caso você possa dar mais sugestões de livros ou qualquer ajuda nesse sentido, fico muito agradecido desde já.

    Forte abraço.

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    1. Oi Alison.

      É isso aí! A determinação vai trazer consistência no crescimento patrimonial. Começou pelo caminho certo, estudar e investir em conhecimento.

      Sobre educação financeira gosto dos livros do Mosca e do Cerbasi, mas alguns dos blogs que sigo também não ficam devendo nada, principalmente o Além da Poupança.

      Sobre a acumulação de patrimônio e o conceito de que comprar ações é investir e se tornar sócio de boas empresas eu gosto muito das idéias do Bastter. Que você pode acompanhar gratuitamente pelo site dele e pelos videos no youtube (* embora ele continue achando besteira se defender da queda, etc...).

      Na parte mais técnica de seleção de empresas eu gosto dos conceitos do Buffet e Ben Graham, mas com o cuidado de atualizar pra nossa realidade, já que são do século passado. Dos mais atuais gosto do Luerdes e Damodaran. Dos blogs que acompanho O Primeiro Bilhão faz bem muito essa seleção de ativos e explica de forma muito didática.

      Sobra Análise gráfica (ou técnica) sou fã do Leandro e Stormer, com a ressalva de achar que a parceria com corretoras atrapalhou bastante o objetivo da escola de ensino.

      Para estudos sobre alocação de ativos e gestão patrimonial eu gosto do site HC Investimentos.

      E sobre AQ e Hedge direcional não existe nada no mercado, fui totalmente autodidata juntando uma informação aqui, dois cursos com A Claudia Augelli, com um artigo em inglês ali, com algumas conversas com gestores de grandes fundos, etc...

      E juntei todas essas informações na minha forma de investir e operar. Conforme foi dando certo fui aumentando a exposição até sentir muita segurança e parar de rebalancear conforme dito no post original.

      Como vem sendo muito consistente e seguro vi a obrigação de compartilhar criando o blog. Espero que funcione pra você também.

      Abc e sucesso!

      Rocky

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    2. Ah.. e sobre a parte mental! Essa não tem jeito, só tempo e algumas c@ga4a$ bem feitas pra nos ensinar... infelizmente. A ganância nos cega e quando abrimos os olhos estamos alavancando e colocando tudo em risco.

      Por isso acho fundamental não colocar todos os ovos no mesmo lugar. Os 3 pilares são fundamentais pro sucesso nos investimentos na medida que os resultados venham surgindo.

      Neste sentido de controle das emoções e não arriscar demais eu tive a sorte de te uma grande mulher ao meu lado. E sempre tive o cuidado de sempre mostrar pra ela como estavam os investimentos, e ela participa até hoje do planejamento.

      Normalmente as mulheres são muito mais seguras que nós e aceitam correr menos riscos. No episódio que quebrei com a seca plantando alavancado ela tinha sido totalmente contra mas eu não a ouvi, eu tinha a "certeza" que ia dar certo... mas foi a primeira e última vez!

      Depois tive seu apoio e companheirismo ao me acompanhar nas andanças pelo Brasil, sua profissão assim o permitiu (ela é dentista) e também se realizou profissionalmente nos vários consultórios em que montou e/ou trabalhou. Sempre ganhou mais do que eu e nunca vi problemas nisso!...rs
      Como disse o Cerbasi: "- casais inteligentes enriquecem juntos".

      Quando passei a fazer trades com capital pequeno tive um desempenho excepcional (2009 foi mamão com açúcar) e quando quis aportar mais grana ela freou e me convenceu a ir mais devagar. Depois quando perdi uma grana alta com opções ela me deu um puxão de orelhas por não ter comentado com ela e fugido do planejado...

      Enfim, é difícil passar a parte mental, a gente consegue enganar a nós mesmos quando a ganância aparece. Eu já me peguei deixando de anotar um trade perdedor pra não "atrapalhar" o desempenho do meu setup (doido isso! Porém muito comum entre traders).

      Mas o simples fato de ter que prestar conta a alguém já nos traz um sentimento, talvez uma vergonha de ter que explicar porque fugiu do planejado. Essas pequenas coisas vão moldando o investidor ou o trader ao longo dos anos.

      * O livro "Quando os gênios falham" mostra bem essa questão do risco.

      Abc e sucesso!

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  9. Legal Rocky.
    Valeu pelas dicas mais um vez.
    Vou estudar bastante e espero poder trocar mais idéias aqui no blog com vc e com os amigos leitores.
    Abraços.

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  10. Muito bom os videos, ainda não li o livro:

    http://youtu.be/UwwJqVVA4fo e,
    Eu quero ser rico: http://youtu.be/IpknUNK3jqw

    SDS

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  11. Salve!

    Resumindo:
    - sua casa é sua casa, não é investimento;
    - seu negócio é seu negócio, não é investimento;
    - seu colchão de liquidez, idem
    correto?!

    Muito bom o post mais recente, SUCESSO, tem tudo a ver com gestão patrimonial.

    Abs

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    Respostas
    1. Principalmente o complemento de ontem que acabei de ver.
      Mesmo que a gente escape um pouco do planejado dá pra voltar e recuperar.

      Vlw!

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    2. correto!
      Acrescento que a reserva na previdência privada também não é investimento, é seguro.
      Mas os gestores tem se mostrado tão ruins que só deixo o suficiente pra garantir saúde privada e alimentação.

      Gostei do resumão e da linguagem simples, vou colocar um complemento lá em cima no post. Obrigado pela participação.

      SDS

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