quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

O MOVIMENTO BROWNIANO

Sempre que converso com algum matemático ou estatístico envolvido com o mercado de ações eles usam a teoria de Brown para exemplificar como consideram imprevisíveis os movimentos de curto e médio prazo dos ativos. No início escutava isso com bastante ceticismo mas sempre busco aprender alguma coisa mesmo que não concorde com a opinião do interlocutor, afinal são pessoas muito bem sucedidas em suas profissões.



Depois de alguns anos tentando adivinhar e seguir os movimentos dos ativos percebí que eles estavam certos, principalmente por trabalharem com montanhas de dinheiro e com a dificuldade que é entrar e sair a qualquer hora. Segue uma explicação sobre a teoria de Brown e minha opinião sobre o que isso tem a ver com as ações.


"Em 1827, O botânico Robert Brown observou e descreveu um tipo de movimento irregular executado por pequenos grãos de pólen de flores suspensos em água. Foi uma observação singela e aparentemente trivial mas, com o desenrolar dos acontecimentos, revelou-se de extrema importância, resolvendo uma longa disputa sobre a existência de átomos e moléculas. A partir do relato de Brown, vários trabalhos foram apresentados sobre esse curioso movimento, culminando com um artigo publicado, em 1905, pelo então desconhecido Albert Einstein.

Hoje em dia, o "movimento browniano" serve de modelo na descrição de flutuações que ocorrem nos mais diversos e inesperados tipos de sistemas. Por exemplo, praticamente a mesma descrição e o mesmo tratamento matemático de Einstein podem ser adaptados para descrever flutuações de preços de mercadorias, a condutividade elétrica em metais e a ocorrência de cheias nos rios.

Descartada a hipótese de que os grãos de pólen seriam empurrados por seres vivos microscópicos, e depois que Brown mostrou que também não eram movidos por correntes no líquido, restou a questão: quem está empurrando esses grãos de um lado para o outro?
O próprio Brown já achou as primeiras pistas para a correta explicação do movimento que observara. Em seu artigo, ele já informava que o movimento das partículas menores era mais rápido e vigoroso que o movimento das mais pesadas. Além disso, se o líquido fosse mais viscoso, o movimento ficava mais lerdo.
Com essas e outras observações, surgiu a idéia de explicar o movimento dos grãos como o resultado de minúsculos empurrões dados pelas moléculas do líquido. Essas moléculas seriam pequenas demais para serem vistas, mesmo em um microscópio, mas estariam em perpétuo movimento e se chocariam, continuamente, com a superfície do grão. Normalmente, como o movimento das moléculas seria totalmente desordenado, o grão receberia empurrões por todos os lados e ficaria parado. Mas, ocasionalmente, era provável que mais moléculas empurrassem em um sentido que no sentido oposto. Sempre que isso ocorresse, e o saldo de empurrões para um determinado lado fosse positivo, o grão se deslocaria para esse lado."


A figura abaixo mostra uma simulação do movimento que Brown observou em seu microscópio.


Esta outra mostra, de forma muito grosseira, como o movimento do grão é causado pelos choques das moléculas do líquido.


Mas o que isso tem a ver com o mercado de ações? TUDO!!!

O grão de pólen viajando de forma randômica pelo líquido representa um ativo e as partículas ou moléculas que estão se chocando com ele causando seu movimento são os operadores daquele ativo. Alguns batem com mais força (grandes players) outros nem tanto (nós, pessoas físicas) e nem sempre estão batendo na mesma direção...

Quando existe uma tendência bem definida no mercado de forma geral essas partículas (operadores) tendem a bater na mesma direção nos vários grãos de pólen que existem no mercado. Então fica mais fácil nós percebermos a direção dos movimentos.

Acredito que a Análise Técnica funcione bem ao perceber um desses choques mais fortes, quando então vamos tentar pegar carona nessa onda. Mas quando o mercado está muito indefinido vamos ter váios players realizando movimentos contrários nos ativos, por isso fica muito difícil termos consistência nos ganhos.

Já com um grupo de ativos como nos índices (IBOVESPA, IBX100, DJI, SP500) acredito que seja mais fácil de acompanhar seus movimentos, afinal são várias partículas batendo em vários grãos de pólen causando um movimento mais forte no líquido. Por tudo isso é que acredito ser mais fácil operar o IBOV do que alguns ativos isoladamente.

Fica ainda melhor se formarmos uma carteira de longo prazo contendo somente ativos com bons fundamentos, pois a tendência é que essa carteira se valorize mais que o IBOV.

Mas como vamos querer treidar o IBOV por intermédio do hedge com indice ou mini indice precisamos calcular a interação que nossa carteira tem com o IBOV, e isso é feito através do Beta, melhor explicado no artigo da página "Hedge da carteira".

Pra mim a teoria de Brown faz cada vez mais sentido no mercado.

sds

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8 comentários:

  1. Também fiz este post no Forum da Leandro & Stormer onde surgiu uma discussão muito interessante.
    Vou copiar os comentários aqui na sequência para enriquecer o blog. Porém sem a prévia autorização dos autores dos comentários, por isso vou assinar como anônimo.

    rocky


    06/01/2012 | 09:44

    bom dia rocky_r ,
    interessante sua abordagem para o assunto tendência.
    este ano de 2011 tive a oportunidade de aprender um pouco mais sobre a visão de mercado do Leandro Ruschel fazendo alguns cursos com ele e o Bisi , além de escutar todos os chats e vídeos antigos que pude .(videos grátis na barra lateral : fibonacci , tendência , volatilidade , relações de preço e volume ,etc... vale olhar os vídeos grátis do site...)
    No webinar de "Relações de Preço e Volume" ele trata detalhadamente sobre esta questão de buscar os sinais que os Grandes Players deixam ao entrar num ativo. Faz isso na prática através de sua planilha diária disponível no LSLive e na sua forma de analisar os gráficos.
    Nesta visão mais clássica de AT o mais importante de tudo é a direção dos preços e o volume neste movimento de expansão e retração . Ativos em clara tendência de alta tem mais candles altistas que baixistas , nas altas o volume aumenta e na queda o volume se reduz . Usando isto a seu favor será bem mais fácil ao trader.
    --------------
    E se um mercado não estiver numa direção clara realmente ficará muito mais difícil de operar , independentemente do que o indicador X , Y , Z disser . O melhor é ficar longe destes mercados mesmo que o IFR diga para comprar .
    -----------
    Os indicadores são todos derivados dos preços , por isso estão sempre atrasados .
    A boa análise da tendência e sua força (volume) acredito ser o mais importante para o trader e , em conjunto com refinamentos de gestão de risco , deveria estar presente em todo o Plano de Trades.
    --------
    obrigado pelo interessante tópico , este assunto é muito importante a todos.
    sds

    It.....

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  2. 07/01/2012 | 15:40

    É isso mesmo Itrader, a essência da AT está no preço e no volume, os indicadores estão sempre atrasados.
    Mas mesmo com a confirmação do volume no movimento dos preços, em um cenário bem indefinido como 2011, percebo que fica difícil de acompanhar pois de repente surge uma força na direção contrária e...stop.

    Revendo a teoria de Brown e juntando com a afirmativa que só vamos ter consistência após escolhermos um método único para as operações, fico pensando: será que essa consistência não viria justamente das constantes repetições em um meio tão randômico?
    Já disse o José Cid uma vez, com um bom manejo de risco até o cara e coroa funciona no mercado de ações.
    Gostava bastante das abordagens bastante “pé no chão” do Luis Fernando Roxo e da Claudia Augelli, uma pena terem saído da L&S.

    Fui direcionando meu aprendizado para esses conceitos dos grandes gestores como: Beta hedge, rebalanceamento, AF, AQ, dividendos, etc, pensando em me preparar para o futuro, pra quando tivesse uma carteira maior. Mas percebi que mesmo no dia a dia dos trades o IBOV é mais fácil de acompanhar justamente por representar vários ativos como foi falado no post.

    Tentei juntar alguns método dos grandes fundos com a nossa AT, daí surgiu a idéia do hedge direcional, onde opero somente o ibov através de seu derivativo financeiro, o indice. E isso é possível a partir de um capital de R$15 mil, basta estudo e um bom setup para o ibov.

    Outro aspecto interessante é que passamos a nos especializar em um único ativo, é incrível como depois de um tempo eles passam a “conversar” conosco...rs

    sds

    rocky

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  3. 07/01/2012 | 19:16

    Rocky_r ,
    talvez uma das grandes atrações que o mercado de capitais exerce vem justamente desta diversidade de abordagens ...
    mas , ao mesmo tempo esta imensa quantidade de métodos nos faz as vezes descartar alguns rapidamente sem pelo menos estudá-los com maior profundidade em diversos cenários possíveis , não apenas num único ano .
    --------------
    talvez em contraponto , poderia perguntar como foi o ano de 2008 para gestores baseados em Análise Fundamentalista ?
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    para quem operou o método Leandro foi muito bom 2008 ...
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    ou seja , não há nenhuma estratégia que nunca tenha um período ruim sequer ...
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    É realmente uma questão pessoal que está por trás das escolhas por sistemas de trading / investimento e talvez o que faça sentido para o meu perfil pode não fazer para outros e assim por diante ......
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    Você tem razão sobre o Roxo , via todos os chats dele e cheguei a fazer o curso da Cláudia sobre AQ também ...
    eles tinham muito a agregar , aprendi com eles e com certeza farão falta a LS ....
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    Mas também vejo muita consistência operacional no método seguidor de tendência do Leandro , usando volatilidade , realizações parciais , gestão de risco refinada pelos graus de tendência .... e , principalmente , sua política de separar seu patrimônio em trading e investimento ...
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    Esta filosofia faz muito sentido para mim e , como todos métodos exige estudo e disciplina .

    De novo , obrigado por levantar o tema ...
    Sds

    It....

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  4. 09/01/2012 | 00:05

    Olá Rocky_r,

    Interessante essa sua comparação do movimento Browniano com o mercado de ações.

    No meu modo de ver o mercado, isso pode até fazer sentido para as movimentações intradiárias e diárias, mas nos gráficos semanais e mensais, acho que possível "prever" as movimentações e ver quais os melhores momentos para está dentro(comprado ou vendido) e os momentos para ficar de fora.

    Óbvio que não temos 100% de certeza na movimentação, mas acredito essa movimentação browniano tende a ser menos efetivo nos gráficos semanais e mensais. Assim, eu prefiro sempre procurar fazer trades nas tendências secundárias.

    Ficar fazendo trades na tendência terciária, para mim é muito complicado, devido ao seu custo-benefício, para mim não vale a pena. Tomamos por exemplo o método Leandro, esse ano de 2011, o ibov teve sua tendência modificada umas 30 vezes!!! Sem falar no overtrading do método. Fazer mais de 300 trades por ano, para mim, é muita coisa.

    Eu adaptei uns critérios que aprendi aqui na L&S para definir os critérios nos gráficos semanais. Além disso, criei um modelo operacional que me fornecesse poucos sinais em ativo duranto o ano.

    Tomando como base o Ibov e os critérios que utilizo para definir tendência, tivemos 6 meses(meado de abril até meados de outubro) absurdamente direcional para baixo(momento ideal para fazer trades "fáceis", lucrativos e operar pesado na ponta vendida) e 6 meses(Janeiro a meados de abril e meados de outubro a dezembro) de mercado indefinido(momento ideal para ficar de fora ou no máximo operar muuuito pequeno, se o cara não consegue ficar de fora).

    Com o tempo, fica cada vez mais claro para mim a frase do Jesse Livermore: Existe a época de operar comprado, existe época de operar vendido e existe a época de ir pescar.

    Tenho percebido o pessoal animado com a idéia de que quando o mercado está indefinido, é melhor diminuir a periodicidade para operar as movimentações intradiárias. Eu particularmento não gosto dessa idéia, pois o pessoal se aproxima cada vez mais do tempo gráfico onde esse movimento browniano é mais forte e está mais presente. Aí o pessoal fica em um acerta e erra o tempo todo brigando por movimentações irrisórias. Para que eu vou ficar arriscando meu dinheiro num mercado sem direção. Numa época de mercado indefinido, o ato de não fazer trade é um excelente trade.

    Ressalto que essa é a minha forma de ver mercado(q pode está completamente equivocada).

    Obrigado pelo tópico,

    Sds.,

    ============================================================

    ITrader,

    Concordo com isso:

    Os indicadores são todos derivados dos preços , por isso estão sempre atrasados .
    A boa análise da tendência e sua força (volume) acredito ser o mais importante para o trader e , em conjunto com refinamentos de gestão de risco , deveria estar presente em todo o Plano de Trades.

    É realmente uma questão pessoal que está por trás das escolhas por sistemas de trading / investimento e talvez o que faça sentido para o meu perfil pode não fazer para outros e assim por diante ......

    Sds,

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  5. Ótimo debate Srs. Agradeço pelas participações.

    Realmente esse mercado é fantástico pois existem diferentes abordagens, e várias delas dão certo. Chega até mesmo no extremo de um trader estar comprado ao mesmo tempo em que o outro está vendido no mesmo ativo, e os dois ganharem.

    * Incrível que já viví uma situação dessas no mesmo escritório! Operando DT em um dia bastante volátil no indice: eu estava no 15´ atrás de pernas curtas com alvo pequeno, vendido em determinado momento, e meu irmão ao meu lado operando pernas mais longas pelo 60´ e comprado no mesmo instante. No final do dia os dois ganharam. Relamente muito doido esse mercado.


    Gostaria de deixar mais claro meu ponto de vista em relação a tendência.

    Acho ótimos os métodos do Leandro e também aqueles que analisam tempos gráficos superiores para filtrarem os tipos de operação que vamos buscar nos tempos inferiores, também acho muito relevante a posição de uma média longa como a MM200. Mas acredito que seja mais fácil operar tais métodos através de um único ativo: o IBOV, somente no hedge de uma carteira bem montada.

    Estou fazendo um estudo no método Leandro adaptado, operando IBOV pelo gráfico Diario para determinar o momento de abrir ou encerrar o hedge.

    A idéia é a seguinte:
    - o padrão é estar vendido no indice = HEDGE ABERTO.
    - quando o método der compra = encerrar a venda e ficar DIRECIONAL na carteira.

    Os dados preliminares (apenas 3 anos ainda, sem validação estatística, só estou citando pra dar como exemplo) demonstram boa consistência e rentabilidade excelente.
    O índice de acerto foi de 62%. Porém o mais interessante é que dentro da taxa de erro (+- 50% nas operações LONG e 50% pras opeações SHORT) quando estopamos uma operação SHORT do hedge na verdade esse stop sai quase no 0x0 pois a carteira também subiu junto com o indice. Ou seja a taxa de acerto vai para 81%.

    Em 2008 utilizando esse método Leandro para guiar o Hedge direcional + Beta hegde com arbitragem + AF + AQ + rebalanceamento = 110% de lucro no ano, com alavancagem ZERO, sem DT. E ainda falta computar os dividendos.

    No BT ainda estou apenas na metade de 2011, mas os resultado são muito próximos.

    Se o manejo de risco permitir poderíamos utilizar alavancagem leve quando tivermos 5 critérios de tendência (venderia 20% a mais de contratos ou compraria 20% quando fosse encerrar o hedge). Isso potencializaria muito a rentabilidade, mas mesmo sem alavancagem já é excelente.
    A liquidez pelo gráfico Diario é para centenas de milhões de Reais.

    Por tudo isso recomendo tanto o hedge direcional de uma carteira bem montada.
    E acredito que o sistema (corretoras, cursos, palestras, livros, AAIs, etc.) não divulgue isso devido ao baixo custo operacional.

    sds

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  6. Olá Rocky.

    Parabéns pelo blog, está muito didático.
    E acredito que você esteja no caminho certo. Pois também estou no mercado a muitos anos e percebi após algum tempo que 90% da ascenção da minha curva de capital era proveniente dos trades longos, quase um buy-and-hold, de ativos muito bem selecionados.
    E o ganho de capital que vinha dos trades era muito pequeno, uma mesma parte eu havia deixado para o sistema na forma de corretagens.

    Agora uma dúvida cruel...rs
    Tem certeza que não colocou um zero a mais aí nessa rentabilidade de 2008 e 2011 com o método Leandro? 100%? Está muito agressivo, não?
    Você já disse que opera pelo 60', então imagino que consiga mais que isso?????????

    Abc e mais uma vez parabens e obrogado por compartilhar.

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  7. Está certo Francisco, é isso mesmo!
    E pelo gráfico 60' é possível rentabilidade melhor.

    Utilizando AT clássica dá pra melhorar mais.
    Particularmente mesmo que utilize um setup objetivo sempre vou dar bastante importância para AT. Principalmente se for pra abrir um hedge antecipado.
    Esse detalhe do último comentário: que stops nas operações vendidas no indice serem quase no 0x0 ajudam bastante.

    Exemplo: sabendo da importância da MM200 no Diario, e coincidindo com uma faixa de resistência muito forte de 60K tínhamos a "certeza" de um recuo, ou pelo menos uma congestionada.
    No método tradicional não vejo nada objetivo a fazer pra tentar tirar um troco dessa "certeza". Já disse o Stormer várias vezes, antecipar entradas é coisa de sardinha.
    Com o hedge dá pra deixar uma ordem na pedra antecipando-se ao movimento, sem stress, pois se aquela "certeza" não se concretizar e o mercado subir, nossa carteira também vai subir e esse stop do indice será anulado.

    Vou abrir um novo post com a imagem e os detalhes desses trades.

    sds

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  8. Boa tarde Rocky, excelente seu blog, e obrigado por compartilhar. Desejo sucesso sempre! Pra enriquecer seu post vou deixar uma frase bastante alinhada com tudo que foi falado nele:

    "MARAVILHAS SURPREENDENTES SURGEM DE REGRAS SIMPLES, QUE SÃO REPETIDAS INFINITAMENTE" Bernoit mandelbrot

    abrc

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